sábado, 3 de julho de 2010

A menina




Sugestão de Música : Scorpions-Send Me An Angel

Em uma noite não muito fria, não tão quente, mas incrivelmente escura a menina vagava sem direção, ao som dos grilhos, ouviu também o miar de um gato branco que estava a lhe acompanhar, as estrelas estavam no céu, mas ela nesta noite não as via como tanto queria, seu moletom estava esticado sua calça laceada seus cabelos presos com poucos fios em volta de seu rosto ainda soltos, suas sapatilhas já haviam caminhado sobre os piores lugares e seu olhar já havia visto de tudo que até sua imaginação não havia criado ainda, naquele momento seus olhos estavam brilhando sua boca seca estava a pedir que alguém a molhasse, seus lábios já não estavam mais suaves, suas palavras poderiam estar amargas.
O tempo não era previsto por ela, o frio que não estava a dominar resolveu se aproximar e uma neblina começou a sentir, estava na cidade, mas as luzes das casas nem isso estava a avistar, os postes eram distantes, os clarões eram vagos, outros mais vagos ainda por não iluminarem, seu pensamento ia do amor ao ódio, da dor ao chegar ao ódio e do alivio ao chegar ao amor, a solidão a fez pensar tanto, no momento da longa caminhada negra.
O vento levava os pingos da névoa para seu rosto, logo seus lábios estavam frios, seus cílios molhados e os cabelos colados em seu rosto, assim fazendo o contorno do mesmo, suas pernas, seus pés, suportavam mais do que imaginava conseguir caminhar, seus dedos das mãos gelados aproximaram-se de seus lábios, passaram por entre seus olhos molhados e seus cabelos presos agora soltos, sua nuca pedia que a aquecesse, então lá os fios se deitaram.
Olhando para todos os lados, não avistava ninguém aquilo a fazia imaginar como imaginava no seu jardim, estar com aquele que no seu jardim cuida das belas margaridas, só que no momento ela seria a margarida que estava precisando de proteção, queria sentir os braços em volta de si, as mãos tirando os cabelos de seus olhos, passando pelos lábios e depois novamente em volta de si, fazendo com que sem medo suas pétalas se renovassem.
Por um instante ela sentiu novamente saudades, saudades de alguém que está tão próximo, mas pensou logo se isso tem sentindo, agora vagando na noite se perguntava sobre isso. Por hora parou logo de se perguntar, voltou a sentir saudades, suas mãos geladas agora, seus pés começando a gelar, o moletom estava mais pesado, seu corpo agora estava lavado, pois suas vestes estavam umedecidas. Voltou a pensar que era o momento exato dele surgir, mas chegou em casa pouco depois, mais dez metros percorridos, abriu o portão, a porta estava aberta a sua espera, todos já estavam dormindo, seu quarto estava vazio, suas cobertas estavam geladas a sua espera para ambos se aquecerem para mais uma noite completamente solitária.