quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Eu lembro


Foi derrepente, até me espantei, olhei pela janela e logo vi os garotos da rua, ah sim como sempre com vista a minha sacada, eu toda arrumada, é claro não estava nua, fiquei arrepiada, momentâneo foi, me deparei com o chão gelado, eu me escondia com medo de denunciar que naquele dia eu ia me declarar, não sentia medo apenas o receio de não ser aceita, pois bem agora já estavam em meu portão de vestido eu não quis sair para fora da porta de vidro da sala, com medo de que sim naquele momento eu me sentisse nua finalmente, toda envergonhada falei que já estava indo, me deparei com a primeira regata, e o shorts jeans rasgado, com o chinelo mais velho, fui lá enfim saber o que queriam, apenas íamos brincar de chuta lata. Subimos o morro, pois a rua era assim, assim mesmo tão inclinada, era subir e descer o dia inteiro, então eu fui chamar as meninas, fui lá ver quem queria se esconder comigo, e nisso sempre contávamos o que estávamos sentindo, o medo então bateu de nenhuma delas estarem em casa e eu sendo a única menina como eu iria dizer de que daquele menino que todos os dias eu brincava, eu o amava, mas enfim elas apareceram as três irmãs que me deixavam sempre feliz, fomos lá na casa da Eloá, ela tinha muitos esconderijos no quintal, a Helena e eu eramos sempre as mais velhas, sempre nos escondíamos juntas e uma salvava a outra, enfim para ela eu fui confessar o meu amor, então de tudo que disse eu queria apenas perguntar se eu deveria me declarar, ela me disse que ele não era garoto para mim, e nela eu sempre confiei. Passamos a tarde inteira, até a noitinha brincando o frio na minha barriga só aumentava, de noite ele foi se esconder comigo e me deu um abraço tão bom, mas era um menino realmente que não era pra mim, estava grande e bonito, e eu aos olhos dele também estava cada vez mais linda, ele me ofendia quando pequena eu era, não deixava eu descer o morro de skate e de gorda me chamava, eu detestava aquele seco, enfim começamos a sussurrar nossas lembranças eu sorria pra ele, e ele dizia que não eramos mais crianças, ele foi sim um amor naquele instante, mas somente naquele instante, em momentos eu apenas vi que nos surpreendemos com nosso desenvolvimento, ele era tão lindo, e ele dizia que eu me tornei a menina mais linda que ele já tinha visto, era uma vez por ano que nos víamos, era marcado por tudo de bonito, era a nossa infância até os meus 15 anos, faz 3 anos que não o vejo ele se mudou da rua da minha vó, partiu daquele lugarzinho sem dó, eu apenas lembro, creio muito que ele lembre também, Rudi foi meu primeiro amor de criança, aquele que não passa de beijos tímidos no rosto e abraços fortes de grandes lembranças.

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